Nascido em 24 de fevereiro de 1909 na cidade de União, o médico José da Rocha Furtado foi o primeiro governador do Piauí eleito pelo voto direto após o fim do Estado Novo. Formado no Rio de Janeiro e especialista em cirurgia geral, na qual foi um grande pioneiro no Piauí, dirigiu o Hospital Getúlio Vargas (HGV), em Teresina.

A popularidade e o grande prestígio conquistados pela atuação na medicina o levaram à política. Se elegeu governador do estado na eleição de 1947 pela União Democrática Nacional (UDN) ao derrotar o candidato do PSD Gaioso e Almendra. Contudo, teve um governo bastante conturbado do início ao fim.

O PSD, derrotado na eleição para o Governo, elegeu a maioria dos deputados na Assembleia Legislativa e passou o mandato inteiro estabelecendo confrontos com a gestão de Rocha Furtado, o que desestabilizou o governo.

Houve conflitos, pedidos de intervenção federal e até de impeachment do gestor estadual, que, embora não tenham se concretizado, ajudaram a inviabilizar a gestão do médico. O mandato de governador foi o único da trajetória política de Rocha Furtado, que encerrou seu governo em janeiro de 1951 e deixou o Piauí.

Rocha Furtado foi morar em Fortaleza, no Ceará. Lá, atuou como médico por muitos anos.

Secretário estadual
No Ceará, ele ocuparia seu último cargo público. Foi secretário de Estado da Saúde no governo de Plácido Castelo, de 1967 a 1971. 

Diferente da gestão como governador do Piauí, a atuação como secretário estadual no Ceará foi exitosa. Rocha Furtado criou o Serviço de Prevenção do Câncer Ginecológico e o Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ), recuperou a Colônia de Hansenianos Antônio Justa e implantou o Serviço de Verificação de Óbitos do Ceará, órgão que hoje leva seu nome.

Foi na gestão dele como secretário que diversos centros de saúde e hospitais, tanto em Fortaleza como no interior do estado, foram construídos, recuperados e equipados. A Assembleia Legislativa do Ceará, em reconhecimento à sua atuação pública, concedeu-lhe em 1971, por unanimidade, o título de cidadão cearense.

Rocha Furtado morreu em fevereiro de 2005, aos 96 anos, em Fortaleza.

Homenagens no Senado
Na ocasião da morte de Rocha Furtado, em 2005, os então senadores pelo Piauí Alberto Silva e Mão Santa usaram a tribuna do Senado Federal para homenagear o médico e político.

Em seu discurso, Alberto Silva afirmou que Furtado, membro da antiga UDN, foi um "dos maiores governadores do Piauí", mesmo não tendo maioria na Assembleia Legislativa e tendo enfrentado muita resistência. Alberto Silva começou sua carreira política no mesmo período, em 1948, quando se elegeu prefeito de Parnaíba.

Já o então senador Mão Santa colocou Furtado no rol dos homens públicos como Juscelino Kubitschek, que, prestigiados em suas profissões, chegaram a cargos políticos importantes no país. Mão Santa lembrou ainda que o médico foi responsável pela primeira cirurgia de vesícula realizada no Piauí.